Um Tratado Musical de Alquimia
"Os verdadeiros anjos estão cantando (conforme as Sagradas Escrituras); os céus estão cantando, como Pitágoras confirma;
e eles procuram a glória de Deus, como reporta o salmista, as musas e Apolo estão cantando; os pássaros, os carneiros e os
gansos estão cantando em seus instrumentos musicais do mesmo modo que nós, também, cantamos e tocamos música, e não fazemos
sem razão".
Atalanta Fugiens, discurso 6, pg.35 de Michael Majer.
O texto acima demonstra quão sagrada é a música para o universo. E a razão, segundo os mais brilhantes filósofos, a origem
vem das almas, que vivem desde a criação do universo, muito antes dos homens.
Se levarmos em conta a teoria de Platão, elas rondam as extremidades do universo, no mundo das idéias, e segundo a mitologia
grega, nas histórias de Baco, o deus do vinho, as almas giram em torno da terra e são seduzidas pela matéria após abusar de
cálices desta bebida deliciosa.
Assim acabam por perder sua liberdade durante o nascimento dos seres inferiores, dentre os quais o homem, e só voltam
a viver livres novamente após a morte deste.
Resposta ao enigma:
Já aprendemos anteriormente que o pensamento vem do mundo das idéias segundo Platão, e que este pensamento que está fora
de nós segundo Descartes, é regido pelo movimento do universo segundo Pitágoras.
O que devemos saber agora, é que esta sedução pela matéria sentida pelas almas, o que é constatado pelas almas no cárcere
do corpo humano, vem da idéia errônea de que no mundo dos homens há uma ordem, já que o homem cria diversas coisas.
O erro das almas é não conseguir diferenciar a criação dos homens, pobres cópias infiéis do verdadeiro criador, e que
cria coisas indiscrinadamente, sem levar em conta muitas vezes a sua própria extinção.
Ao encarar o mundo dos homens as almas descobrem que a aparente criação ordenada feita pelos homens, possui não só uma
leve evolução, mas regras severas que lhes impõe a perda da liberdade.
Mas isto lhes serve de lição em sua volta ao mundo das idéias, pois na vida terrena descobrem que cairam na tentação
de viver a vida terrena, após não só abusar do vinho, mas por ao se aproximar muito da morada dos homens, viverem em em total
desarmonia em relação a sua origem divina, no céu.
As almas, apesar de muito mais antigas que os seres humanos, são em sua maioria absoluta virgens, livres pelo universo
e por isso agem exatamente como crianças, que não sabem exatamente o que fazem.
Ao se aproximarem do mundo dos homens, passam a viver brincando como garotos muito jovens, e acabam virando um caos entre
os homens e suas idéias, que vem de um mundo longínqüo e ordenado.
Os homens ao falar, nada mas fazem do que continuar a viagem de seu pensamento, que é externo, para fora de seu corpo
novamente.
Quando cantam, apenas ordenam o seu pensamento como uma orquestra, uma banda, o que faz com que as almas desordenadas
que brincam como crianças num parque de diversão, passem a esquecer as brincadeiras e se ordenem seguindo a música, assim
como garotos que seguem uma banda militar, marchando ao seu lado, tentando acompanhar a ordem.
Para entendermos o que acontece, basta imaginar que quando cantamos somos como uma banda, e que as almas passam a seguir
o nosso canto, marchando rumo a sua direção para o infinito, deixando que nossos pensamentos cheguem até nós sem nenhuma interferência.
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